"Emocionante escultura utilitária"

Eu sempre insisto no fato de que a ponte JK não é tudo o que parece. E eu tenho meus argumentos. Segundo Alexandre Chan, arquiteto e urbanista responsável pelo projeto da ponte, seus três arcos remetem à uma pedra batendo em um espelho d'água. Cada arco tem 240m de vão (isso é mesmo muita coisa) e o conjunto quer provocar emoção máxima no observador, apesar da baixa altitude do tabuleiro - lugar onde passam os carros e alguns poucos pedestres. Foi inaugurada no dia 15 de dezembro de 2002 e recebeu prêmios de grande importância como "ponte mais bela do mundo" e "melhor obra em aço do ano", além de uma medalha ao arquiteto e outra ao idealizador, o então governador Joaquim Roriz. O monumento metálico veio para renovar o título de cidade moderna - lembrem-se que moderna difere-se de modernista - mas foi muito criticada pelos profissionais da área por ser tão grande e importante e estar tão longe dos outros monumentos de mesmo porte, na Esplanada dos Ministérios.


Mas a minha crítica não é sobre isso. Resolvi voltar a esse assunto, já tão discutido, porque estudantes e inclusive arquitetos brasilienses - que passam pela ponte ao menos 2x por dia - não sabem, ou não querem acreditar, que os arcos da belíssima, magnífica e (in)igualável ponte JK não têm função estrutural alguma. Para que eles segurassem alguma coisa, seria necessário que estivessem prontos antes do tabuleiro, o que, embasbaquem-se: não ocorreu. Se a ordem da construção é inversa, de que servem os tão fascinantes arcos? A parte mais pesada sustenta-se por si só, então não era preciso gastar tantos mihões...


Explicando a expressão (in)igualável que usei acima, conto um segredo: nossa escultura utilitária é idêntica à passarela de Nagoya no Japão e a coincidência é TAMANHA, que as 2 tem exatamente 180 graus de diferença longitudinal.


Tenham um bom dia e uma boa semana.

Nagoya














Brasília













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