Não-sustentabilidade

Sudesa flagra caminhão captando água do Córrego Vicente Pires

Agentes da Subsecretaria de Defesa do Solo e da Água (Sudesa) flagraram na tarde desta segunda-feira (22/09) um caminhão captando água irregularmente do Córrego Vicente Pires, próximo a Estrutural. Segundo o sargento Irineu Alves Dutra que estava com a equipe na hora da apreensão, o caminhão extraiu cerca de oito mil litros de água. A perícia foi até o local e constatou crime ambiental. Segundo Dutra, o gerente administrativo da Pentag responderá por extração de recurso mineral sem licença. A pena para o crime é de seis meses a um ano de prisão, mais multa. Segundo a Sudesa a equipe passava pelo local quando avistou o caminhão. O veículo pertence a empresa Pentag Engenharia Ltda e segundo o motorista, Juliano Pereira dos Santos, a água seria usada para a obra de uma calçada no Setor Comercial Sul. A empresa informou na Delegacia do Meio Ambiente que o motorista foi até o rio para testar a nova máquina de extração e que desconheciam que esse tipo de captação era crime ambiental porque já viram outros caminhões fazendo a retirada.
(notícia do Correio Braziliense, postada no dia 22/09/2008.)


Esta não é a primeira ameaça à Área de Proteção Permanente (APP) do Córrego Vicente Pires. Em 2005 O Sistema Integrado de Vigilância e Conservação dos Mananciais (Siv-Água), para combater a ocupação desordenada do solo, tomou como medida a retirada de 95 construções de lotes de chácaras. As principais agressões constatadas foram o assoreamento do córrego, a contaminação do manancial por lixo, a destruição de nascentes, o surgimento de processos erosivos, o aterramento de solos hidromórficos (das margens do córrego), o desmatamento da vegetação nativa da faixa de 30 metros das margens. O estudo também comprovou que há uma redução da recarga das águas subterrâneas devido à exploração intensiva e desordenada do lençol freático, por causa dos muitos poços artesianos nas áreas ocupadas. Foram encontradas 17 nascentes em 38 lotes. Em 2006 a região passou por um processo de recuperação com a participação dos chacareiros e de detentos do Complexo Penitenciário da Papuda.
Eu não sei o que é mais indignante, o fato de algumas pessoas simplesmente acharem que estão acima da lei ou a vista grossa das autoridades. Um córrego como esse, cheio de nascentes, é de imensa importância para a região e, ainda assim, atrocidades como essas acontecem. Até hoje a região é desmatada por grileiros e parece que precisamos de um prazo mínimo de um ano para a tomada de alguma providência. Algumas pessoas dedicam suas vidas ao estudo e preservação dessas áreas e existem muitas outras que, simplesmente, não se importam. Quando contei para uma amiga minha sobre o ocorrido me doeram os ouvidos quando escutei: “ah, mas 8 mil litros nem é muita coisa”. Mas se esquece que somente o caminhão que foi flagrado no local que havia extraído essa quantidade. Quantos outros caminhões já não fizeram o mesmo? Segundo o depoimento acima, caminhões de outras empresas foram vistos na mesma prática criminosa. Será então que 8 mil litros de água é pouca coisa?
Está na hora do alguma providência ser tomada! Como arquitetos, devemos lutar contra a ocupação de áreas de preservação, contra construções ilegais, contra práticas ilegais em construções. Como cidadãos, devemos nos conscientizar das conseqüências de nossos atos e ajudar a proteger a nossa cidade. A cidade é de todos e, infelizmente, a preocupação só aparece quando alguma coisa começa a invadir o nosso espaço. Aqueles chacareiros só passaram a criar consciência ambiental depois da ameaça de terem as suas casas derrubadas. Apenas uma ação preventiva teria evitados todos os seus transtornos. Vamos, então, fazer a nossa parte e cultivar o pensamento sustentável.

Quem tiver mais informações sobre o Córrego Vicente Pires, sobre preservação/recuperação de APP’s, por favor, contribua.

0 comentários: